História

Bairro Alto ex-libris

 Em 1750 quando o Marquês de Pombal se tornou Primeiro Ministro de D. José encontrou a economia, a administração central, a justiça e até o exército de rastos, pois pela Europa estava em ascensão o Absolutismo fazendo-se crer que o poder vinha directamente de Deus para o Rei, senso assim o Rei possuía o poder total e absoluto do país. Mas D. José queria imitar o Rei de França, Luís XIV, fazendo grandes construções, tais como, o Aqueduto das Águas Livres, o Palácio Real de Mafra, entre outras e organizando grandes festas com a sua corte. Entretanto, em Inglaterra, alguns fidalgos e mercadores iam enriquecendo com o ouro vindo do Brasil e também com as mercadorias das nossas colónias (Angola, Índia, etc.), que o Rei usava para pagar as suas despesas em cereais e tecidos importados.

O Marquês tomou uma série de medidas para valorizar a produção nacional, libertando o país da dependência de Inglaterra, proibiu a cultura do Vinho do Porto em terras próprias para cereais, subsidiou a criação de fábricas de vidros, louças, fundou a primeira refinação de açúcar, reorganizou a real fábrica da seda, dando um grande contributo para o arranque da indústria portuguesa e reformou a educação criando novos métodos de ensino.

Em 1759 recebeu o título de Conde de Oeiras, pelo seu empenho  no terramoto de 1755 e em 1769 recebeu o título de Marquês de Pombal. Todos estes méritos valeram ao Marquês muitos inimigos, como o D. Francisco, irmão de D. João V.

O Rei não deu ouvidos às queixas, dando mais poder ao ministro e assim criou ódio entre as várias pessoas da corte.

A Nobreza decide tomar precauções e planeou matar o rei e assim poder destituir o ministro, a vingança toma forma e são os Távoras, os Duques de Aveiro e alguns Jesuítas que tentam matar D. José, mas em vão. Assim que o Rei se apercebe do que se passa dá autorização ao ministro para criar uma guarda pessoal.

O Marquês recrutou os melhores soldados, do nosso fraco exército, alguns nobres de confiança que seriam uns óptimos espadachins para sua guarda pessoal, que viria a chamar-se “Capotes Brancos”, por o seu capote ser branco de um dos lados. Estava assim criada a primeira polícia política do nosso país. O Marquês após ter a sua guarda pessoal mandou torturar e matar todos os que tinham atentado contra a vida do Rei.

Os Capotes Brancos tinham como local de encontro as ruas do nosso Bairro. Os seus inimigos número um eram os Capotes Negros, chefiados por D. Francisco, irmão do falecido D. João V, que tinham como sede uma adega carvoaria situada na Rua da Vinha.

Existem inúmeras histórias sobre os Capotes, esses ex-libris do Bairro Alto.

Os Capotes tinham fama de ser grandes galãs e quando iam para os seus encontros amorosos eram provocados pelos fidalgos de D. Francisco ou apenas por brigões a seu mando, tentando fazer má fama sobre o Marquês aos olhos do rei.

Mas como sempre é a valentia, a esperteza e a destreza que vence, quando a "rusga da formosa" vinha para endireitar o Bairro Alto, os Capotes Brancos viravam o capote para o lado negro e a confusão instalava-se não se sabendo quem era quem.

Os "Capotes Negros" e os brigões acabavam por bater na polícia pensando ser os "Capotes Brancos". Estes iam presos e os "Capotes Brancos" afastavam-se para evitar problemas ao Marquês. Estes nossos heróis sofreram muitas emboscadas, muitas provocações e até o povo os detestava, apenas pelas várias intrigas a seu respeito, até os alcunharam de "formigas brancas", pela rapidez com que apareciam e desapareciam.